As palavras interferem no nosso entendimento da situação. ISIS, IS, EIIL, EI e Estado Islâmico são todos termos confortáveis para esse grupo. São termos estratégicos que forçam uma associação entre movimentos políticos teocráticos do tradicionalismo (chamados islamistas) e a religião muçulmana (chamada Islã), não só se passando como símbolo da religião islâmica como principalmente apagando as muitas vozes muçulmanas que defendem a separação da política e da religião.
Contra o culto patológico à morte e ao passado dos movimentos medievalistas e fascistas do tradicionalismo, a grande maioria da comunidade islâmica, ao contrário, celebra seu legado e memória com aquilo que sempre foi marca desses povos: o amor pela inventividade, a curiosidade por outras culturas e a fusão desses elementos em novas formas próprias.
O termo Daesh (ou deash) é muito melhor. A abreviação em árabe do nome oficial do grupo, al-Dawla al-Islamiya fi al-Iraq wa al-Sham, é também um trocadilho que sugere a ideia de alguém que semeia a discórdia ou que se impõe pela violência. O grupo já ameaçou cortar a língua das pessoas que se referirem a eles com esse termo. O governo francês aparentemente é o único a ter adotado oficialmente Daesh ao invés de ISIS.