Dizem que esse é um velho ditado popular: kurdun heval ninin bes ciya (“os únicos amigos dos curdos são as montanhas”). Ontem o presidente da Turquia, Recep Erdogan, anunciou ele próprio numa conferência na Estônia que o Exército Livre Sírio (ELS) iria enviar 1.300 combatentes armados para Kobani. A Press TV, estatal do governo reacionário dos aiatolás iranianos (e que comandam as milicias de extrema direita que estão nesse momento trucidando a população síria ao lado de Assad) se prontificou em reagir ao seu adversário e dizer que Rojava rejeitou o pedido. No Iraque, militares norte-americanos vem se integrando aos peshmergas curdos do governo nacionalista e anti-revolucionário de Barzani, que pretendem se unir ao combate. No ocidente, quem não está dizendo que Rojava deve ser trucidada em nome da pureza de um discurso “anti-americanista” infantil e desumano, começa a confundir solidariedade, que exige compreensão, com aparelhamento, que atropela os interesses alheios em favor dos interesses próprios.
As montanhas e a inteligência, agora não mais só curda mas compartilhada por toda a diversidade de Rojava, continuam sendo amigas do povo. Cabe os povos do resto do mundo vigiar e reagir atentamente, com inteligência e coração, todos os abutres que cercam a revolução, pra que o velho ditado se torne coisa do passado. Rojava não está só.